terça-feira, 18 de março de 2014

A POLÍTICA E A NOSSA CULTURA

Cultura política no Brasil

Professor doutor José Antônio da Costa Fernandes
_Fundação Escola de Sociologia Política do Estado de São Paulo/ Fundação Perseu Abramo

Para compreendermos, o caso brasileiro no contexto mundial, nossa particularidade neste
processo definido como revolução de 30, que possibilitou o Brasil tornar-se um país industrial
e para muitos autores, “moderno” significa estabelecer um olhar que envolve a questão
de nossa cultura.
No Brasil determinadas definições e conceitos para compreender a formação do estado brasileiro,
são necessários, pois neste desenvolvimento é possível verificar que há situações tão
díspares no país, com cidades tão diferentes do ponto de vista do desenvolvimento econômico,
social ou político. Assim a análise desenvolvida procura dar base para o entendimento
da administração pública brasileira considerando-se nosso passado e as bases da formulação
do nosso sistema político.
Assim, determinados valores do liberalismo europeu, desenvolvidos após as revoluções
industrial e francesa, não encontraram guarida no Brasil ou foram tardiamente aplicados, ou
seja, são valores que muito tempo depois da proclamação da república, em muitas regiões e
cidades do Brasil ainda não encontraram terreno fértil para o seu desenvolvimento, mesmo
contando na atualidade com diversas leis. Desta forma, ainda é possível ver governadores e
prefeitos que não estabelecem a democracia no desenvolvimento do planejamento como
elemento central de suas plataformas políticas, e nem tampouco na formulação delas estabeleçam
a democracia, o que invariavelmente implica em ter uma visão autoritária e clientelista
no trato com os servidores.
Compreender a problemática da cultura e da política do Brasil requer um acompanhamento
histórico até porque a compreensão delineada aqui é a de que há correspondência entre um
e outro, ou seja, nossa formação cultural interfere em nossa cultura republicana, na definição
das políticas públicas a serem adotadas e no trato com a gestão de pessoas no setor público.
Sérgio Buarque de Holanda, ao analisar nossa História e buscando compreender nossas
raízes de cultura política, estabeleceu uma compreensão analítica, inter-relacionando a
formação histórica, social e estatal fundamentada no contraditório e na postura comparativa.
Desta forma, sem se preocupar em definir-se por uma saída positivista e erroneamente fazer
uma falsa alusão do que seria pretensamente à verdade, priorizou uma análise dialética que
visualiza a “cordialidade” como elemento central das relações e, ao mesmo tempo, trabalhou
numa perspectiva que questionou estes valores

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